estória §13

Eu acho que tu podias escolher ser feliz.- Mas eu sou feliz - respondeu o Príncipe. - Amo o conhecimento e vivo de acordo com a minha paixão; viajar, correr o mundo, conhecer seres maravilhosos, como tu... - E, dizendo isto, sentou-se ao lado da raposa e pousou a sua mão branca e lisa no lombo dela. A raposa estremeceu das patas à cabeça. Queria guardar para sempre aquele toque, o calor da mão dele a inundá-la por dentro. Queria mudar de vida e alcançar a outra, a sonhada e desejada, depois de tantos livros e filmes. Mas ele também tinha de querer o mesmo que ela, ou corriam o risco de ficar apenas os melhores amigos.
Então, a raposa pensou, pensou e decidiu ficar calada. Tudo o que dissesse dali para a frente ia estragar o seu sonho, o momento perfeito que lhe tinha caído do céu. Queria que aquele momento se eternizasse. Fechou os olhos.
Tudo tem um princípio e tudo tem um fim, pensou. Mas eu não vou pensar no que não está nas minhas mãos. E, sem falar, enroscou-se a ele, como se fosse para sempre. 
*Margarida Rebelo Pinto

Queria escolher ser feliz. Era bom ter só de escolher. E depois de escolher tudo se compunha e ficava perfeito. Podia apenas conhecer pessoas maravilhosas. Guardaria para sempre aquele momento. Perfeito. Mas nem sempre isso acontece. E a realidade não e tão perfeita e maravilhosa como queríamos. Correndo o risco de ficarmos somente amigos da vida. E não vivê-la de um modo maravilhoso. Eu queria apenas escolher ser feliz. Mas como não sei quando essa decisão tenho que tomar. É melhor ficar mesmo calada. Afinal não sei que dizer. E podia estragar tudo. Certamente. Assim não vou pensar. Apesar de ser difícil. Mas vou tentar não olhar para o que não está nas minhas mãos nem nas de ninguém. Vou guardar tudo. Eternizar aqueles momentos. Ser apenas as coisas maravilhosas a ficarem na memória. Quero que também isto tenho um principio e um fim. Apenas não sei como começar e muito menos finalizar tudo isto.

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