estória §76


“(…)és a minha maninha que mora na minha rua hehehehehe”

Sim, sou a tua maninha, és a minha maninha. Posso não ter maninhas de “verdade”, mas tu és mais que verdade, existes! És do coração. E quem é do coração, do nosso coração, é mesmo de verdade!

Podes contar sempre comigo,
Beijo grande,
da tua maninha do coração que mora na mesma rua que tu.. Ah, espera, que vai morar sempre na mesma rua que tu, estejamos aonde estivermos *

Parabéns bebé ^^

estória §75


Dar o salto. Ter a coragem suficiente para saltares de um precipício sem saberes o que está lá em baixo. Sem teres a certeza de nada. Porque não tens. Estás presa por uma corda. Mas não sabes mais nada. Podes ficar para sempre cá em cima. Agarras a corda com as duas mãos, bem firmes mas suadas, e não param quietas para não se notar que estás a tremer, cheia de medo. O coração acelerado sem o conseguires controlar. Arrastas um dos pés mais um pouco para a frente. Nem forças tens para o levantares e dares o passo que te leva em frente, para o desconhecido. Pensas para ti. E ficas ainda com mais medo. Sentes a corda de volta da tua cintura. Ela vai-te suportar na queda. Disseram-te. Será mesmo? Pensas para ti. Arrastas agora o outro pé. Inclinas o tronco e a cabeça um bocado para a frente. Espreitas para baixo. Tal e qual uma criança assustada quando espreita para baixo da sua cama antes de dormir, para verificar que o monstro não está lá. Tu também queres que não estejam monstros lá em baixo. Desejas ter coragem para dar o salto. E que a queda corra bem. E que, quando, finalmente, lá em baixo, estejas bem, estejas inteira, que ele esteja inteiro. Mas depois assustas-te, cais em ti mesma e pensas o quão louco isto parece. Não consigo. Pensas para ti. E quando mais pensas no medo que tens de não saberes o que vem a seguir, pior ficas. Olhas em teu redor. Uns já saltaram, outros estão a saltar. Como conseguem? Pensas para ti. Tanto medo que sentes do que vem a seguir. De não saberes exactamente o que vem a seguir. Queres que corra tudo bem. Repetes para ti. Mas sabes que nem sempre as coisas correm bem. Pode doer. Tu não queres magoar-te. E tens medo que isso aconteça. Medo de ganhares coragem para dar o salto e que depois a queda seja horrível e chegas lá abaixo “desinteira”, que algo de ti se parta. Tens medo disso. É esse medo que te prende para trás. Que te puxa para ficares em terra. Que te retira as forças para dares o primeiro passo. De dares o salto para o desconhecido, sem nenhuma certeza, sem nada tomado como garantido. Mas tu tens que decidir. Tens de escolher. Ficares agarrada a esse medo. Ou encarares isso e dares o salto. E veres o que acontece. Pode ser uma queda agradável, que as coisas corram bem na viagem e chegas ao fim desta inteira e feliz, com uma sensação tão agradável que te enche o peito e sentes-te tão bem que nem consegues explicar, apenas sorrires por teres tido a coragem.
Precisas que as tuas mãos trémulas agarrem a pontinha de coragem que por vezes parece espreitar. Mesmo que tenhas as mãos suadas e o coração a bater de mais. Tens de deixar o medo para trás. Dar o salto. Porque pode ser um desastre total. Sim. Mas pode ser incrível.