estória§171

Nunca se sabe. É verdade. [Tens razão.] Nunca se sabe o que pode acontecer amanhã. Podemos sair de casa e, ao atravessar a rua, um carro vir contra nós e morrermos. Podemos sair de casa e, ao virar da esquina, esbarrar contra alguém que nos tira o ar. Podemos sair de casa e alguém nos assaltar. Podemos sair de casa e, ao estarmos parados no trânsito, alguém do carro ao lado nos sorrir. Podemos sair de casa e acontecer-nos tudo e mais alguma coisa. [E, assim, um dia, posso sair de casa porque tive um convite teu. E quem sabe o que virá daí.] Mas também sei, por experiência própria, que poucas vezes existem segundas oportunidades. Que há momentos para certas coisas existirem e que passado esse tempo já não resultam mais. [Se fosse para acontecer outra vez, já teria acontecido algo.] Mas também acredito [ou quero continuar a acreditar] que às vezes a vida troca-nos as voltas e se há coisas que têm que existir, tudo sopra a favor delas e só percebemos o porquê mais tarde. O que ganha no final? O nunca se sabe? O não existirem segundas oportunidades? O que a vida nos pode trazer? [Irei ganhar-te?] O tempo irá ajudar. Como em tudo. Para o bem ou para o mal. É esperar. [Espero uma palavra tua.]