estória $113


Porque as coisas nem sempre acontecem como gostávamos. Porque a vida nem sempre nos dá o que queríamos. De um momento para o outro, tudo pode mudar. De um momento para o outro, fica tudo do avesso. E na nossa cabeça passa tudo e mais alguma coisa a alta velocidade. E surgem novos comportamentos, novos sentimentos. Ficamos baralhados sem saber muito bem o que fazer. Mas temos que aprender que é assim. Nós queríamos laranja, para poder fazer um bolo bem grande e com um aspecto delicioso! Daqueles que basta olhar para ficarmos com uma sensação tão boa! Ao invés, a vida deu-nos limões… Limões?! Que raio! Eu queria uma coisa bem doce, não limões… A única coisa a fazer é ir comprar quilos de açúcar para a limonada ficar bem docinha. Sim, açúcar é que é preciso agora. 

estória $112


Os gestos pesam muito. Têm grande importância. Definem uma pessoa e mostram os seus sentimentos. Por gestos demonstra-se por vezes o que não se consegue transmitir por palavras. E no fundo, o que fica na memória são os gestos que as pessoas têm para connosco. É o que fica daquela pessoa. Porque ao lembrarmos isso, lembramos o modo como nos sentimos com ela, o que nos fez sentir numa dada altura, num dado momento. Contudo, as palavras também têm a sua cota parte nisto tudo. Dizem que ‘palavras, leva-as o vento’. Bem, a longo prazo isto até pode ser verdade. A pessoa esquece, as memórias não são tão claras do que ouvimos dos outros, podemos relembrar a ideia geral, mas o que fica gravado são o que fizeram. Agora a curto prazo.. As palavras têm um impacto imediato. Dizem algo e aquilo entra em nós. E fica lá a ressoar por uns momentos. E acreditamos naquilo que nos disseram. Que pode ser verdade ou não. E nesta parte, os gestos ajudam a confirmar isso. Os gestos podem ou não ir de encontra às palavras. Mas, tal como as palavras têm impacto, a falta delas também. Uma pessoa pode ser só gestos. Gestos para tudo e mais alguma coisa. E isso é bom. É o que vai ficar, certo? Mas por vezes uma pessoa precisa de ouvir de outra aquilo que ela nos faz sentir. Um modo de consolidar as coisas. De um certo modo, pôr as coisas em pratos limpos. Precisamos das palavras para ter a certeza do que sentimos. Precisamos das palavras para acreditar que é mesmo aquilo. Porque o que sentimos nem sempre é assim tão claro. Precisamos das palavras para tornar mais real o que os gestos tentam transmitir. 

estória §111


As coisas nem sempre são como queremos. Os dias nem sempre correm bem. E problemas aparecem. Confusões surgem. Mal entendidos se instalam. E depois uma coisa leva a outra. E tudo fica cada vez mais confuso. Ficamos mais predispostos a ver o lado negativo das coisas. A pôr em causa tudo o que tomávamos como certo. E a nossa cabeça é um turbilhão de ideias baralhadas, desorganizadas, algumas delas disparatadas e sem lógica nenhuma. Mas que num momento assim, turvam-nos a visão e ganham lógica por elas próprias. E não somos nós, não somos o que realmente sentimos, não somos o que realmente queremos ser. Mas o tempo ajuda. Ajuda a que a tempestade passe e o mar volte a ser sereno, que bate ao de leve na areia. Dias melhores virão. Afinal davam melhorias para a próxima semana. E a Primavera está à porta. Por isso, dias melhores virão de certeza.

estória §110


E estar ali, fora da cidade, mesmo que num ambiente cheio de pessoas. Naquele momento tudo estava sereno, quieto. Apenas alguns passos se ouviam por vezes no corredor. Se olhasse pela grande janela via um jardim e árvores. Um espaço enorme sob um céu azul. Ela está a chegar. E por momentos consegui ouvir aqueles bichinhos pequenos como que a falarem. Se olhasse pela grande janela via um jardim e árvores. E nas árvores saberia que estavam pássaros, apenas pelos sons que faziam. Foi neste exacto momento que me lembrei dela. Sim, ela está mesmo a chegar.