estória §43


Entendi que existe uma grande diferença entre imaginar algo ou realizar algo. Na verdade, estes dois processos acontecem em planos muito distintos. Não há grande problema em imaginar e criar coisas na nossa mente, se não esquecermos que são os nossos actos que ditam quem nós somos. Se nos esquecermos de viver, a imaginação será uma prisam. Uma prisão dentro dos nossos próprios pensamentos. Tudo tem o seu tempo. Há um tempo para imaginar e um tempo para realizar.
*Ricardo Antunes

Foi bom ouvir (ler) esta frase. Não posso esquecer isto. Pois tenho noção que por vezes me perco nos meus pensamentos. Fico detida neles. Presa a eles. Neles. Acho que é um defeito meu. Um daqueles defeitos que vira feitio. E acaba por fazer parte da pessoa. Sonhar acordade é parte de mim. Apenas (só) tenho que por um limite a isso. A viver na e da imaginação. Sabe tão bem. Criar coisas na nossa mente. Ter uma espécie de vivência das coisas que só acontecem lá. Digo só. Porque algumas apenas ficam na nossa mente. Imaginamos coisas que são muito difíceis de realizar. Que se realizem. Todos nós temos alturas assim. Um tempo assim. Imaginar tudo e mais alguma coisa. O que no fundo queremos para nós. O que queremos experimentar. Viver. Mas que é díficil na vida real. Sabe tão bem. E pode fazer tão mal. Podemos correr o (grande) risco de ficarmos presos a isso. De não conseguirmos viver em condições devido a esse mundo imaginário. Dependentes tal como se fosse uma droga. E acabamos por nos focar tanto nisso que a vida passa ao lado. E nós? Nós não damos conta. Ou quando damos já é tarde. Já podiamos ter feito outras coisas. Já podiamos ter estado com outras pessoas. Além daquelas que fazem parte das nossas histórias. Não podes ficar apenas no teu mundo de sonhos. De pensamentos. Há tempo para tudo. Há um tempo para imaginar e um tempo para realizar. E acho que está na altura deste último. A imaginação disso já durou muito. De mais. Acredita. Às vezes tens que ter força para deitar mãos ao trabalho. À vida. Olha à tua volta. Vê o que tens. Vê quem tens. E não te esqueças de viver. Apanha o que puderes. Porque se só imaginares, acabas por viver na ilusão. Acabas por viver uma vida que não é a tua. Não vives. Sonha. Imagina. Mas em quantidade qb. Em quantidade moderada. É como o álcool. Se bem que às vezes há com cada bebedeira..
E não te esqueças de viver. (Não esqueço!)

estória §42


É muito tempo a desejar o tempo, de mudar ventos, levantar marés. É muita vida a desejar o alento que faz saber ao certo quem és. (..) A vida rasga bocadinhos gastos do mundo, vai descascando até chegar a nós. (..) Não é urgente correr, não é urgente chegar. O que é preciso é viver.
*Mafalda Veiga

Não importa aonde vais chegar. O que vais conseguir alcançar. Não importa comparado ao caminho que fazes. Pelo que passas. Por quem conheces e descobres. Não importa comparado a todos os momentos que já viveste e a todos os que vais viver. O que importa é mesmo o caminho percorrido. O que está à tua volta. O momento em que escolhes ir para a esquerda e não para a direita. Isso é que muda tudo na tua vida. Não propriamente a meta. Tal decisão pode alterar a tua meta. Isso sim. Não importa a qual meta vais tu chegar. Se é a que sempre pensaste. A que idealizaste. Importa tudo até lá. Importa o como corres nesta corrida. Se consegues ultrapassar os obstáculos que nela se encontram. Como os ultrapassas. E não quanto tempo demoras a ultrapassá-los. Não te sintas apressada. Tem calma. Corre devagar nesta corrida que é viver. Vai devagar sem pressa para chegar. Sem pressa para saberes quem és. Porque isso tu vais descobrindo ao caminhar. Vais descobrir quem és por todos os teus passos. Pelo que escolhes. Por quem escolhes ter ao teu lado. E é isto o importante desta corrida. A meta é simplesmente um local onde tens de chegar com a tua bagagem. Não é assim nada de especial. Não especules muito nisso. Sonha com a viagem até lá. Nisso vale a pena investir. É a tua bagagem. É o que realmente és de verdade. Não és apenas o que és quando chegas à meta. És isso e mais o que está para trás e o que tens dentro de ti. És a vida que viveste. Por isso, fá-lo sem pressas, sem urgência. Tenta viver apenas. Caminhar apenas. Sem pressa de chegar.
A meta é simplesmente um local onde tens que chegar com a tua bagagem.