estória§145

Há ilusão. Há sempre ilusão no início. E um género de promessas. Promessas disto e daquilo. No começo de tudo, há esta duas coisas. Em que se acredita e nos ajudam a seguir o caminho. Aos poucos apercebemo-nos que as coisas não estão bem a ser o que nos disseram que iam ser. Estão a fugir um bocadinho. E acabamos por desempenhar papéis que não deviam ser os nossos. Às vezes até nem desgostamos dos novos papéis. Mas não era bem aquilo. Falta algo. Falta algo do que nós somos mesmo. E tentamos pôr isso em tudo o que fazemos, em tudo o que dizemos. Em tudo. Mas principalmente, independentemente dos papéis que nos calham, tentamos fazer o melhor que conseguimos para que os outros nos reconheçam e nos valorizem.

estória§144


E se eu já tiver passado por ti? E se eu já tiver estado contigo e não reparei que eras tu? Se não reparei que eras a metade do círculo azul? O que acontece? Vamos andar uma data de tempo até nos encontrarmos outra vez? É isso que acontecerá? Ou só existe uma oportunidade e perdendo-a, já não se pode fazer mais nada?
Ou será que simplesmente andamos perdidos, sem nunca nos termos visto? E um dia aparecemos no mesmo sítio e acertamos os nossos passos? Será?

estória§143


Com o tempo a vida vai-se enchendo de novas coisas. Novas pessoas. Novos acontecimentos. Novas preocupações. Novos pensamentos. Novas memórias. Tudo vai entrando, dia após dia. E gosto disso. Gosto de um dia cheio. Cada vez gosto mais. Mantém-me ocupada. Também cansada. Mas sabe tão bem chegar o fim do dia, ver o pôr-do-sol a caminho de casa, chegar e simplesmente adormecer mal caia na cama. Nada me tem sabido melhor ultimamente do que estes dias tão cheios. De tudo.

estória§142


Será que te lembraste (de mim) por um momento, mesmo que breve.. Será? Um leve sorriso traçou-se no meu rosto ao ver isto, porque por um “breve” momento me lembrei (de ti), de como se estava bem naquela altura em que este programa dava.

estória§141


Parecia uma coisa irreal. Ainda estávamos meias adormecidas ao ir para tão esperado reencontro. Foi tão bom ver-vos. Ali bem à minha frente. Passados uns anos sem estarmos juntas fisicamente. Foi tão bom. Realmente há amizades que duram, que resistem ao tempo. Não importa não falarmos sempre. Não importa não estarmos juntas. O que importa é que pensamos umas nas outras, que não nos esquecemos. É isso que faz as coisas se manterem. Reencontrarmo-nos e ser como antes. Bem, exatamente como antes não. Já não somos nenhumas miúdas, e agora só gozamos com isso. É tão bom recordar tudo, todos os momentos que passámos. E ver o que mudou. E ver o que se manteve. Agora? Agora que venham mais tardes destas de uns meses em quantos meses. Porque não importa a quantidade, mas sim a qualidade dos momentos, da amizade. Há coisas que simplesmente se mantêm. Há pessoas com as quais isso funciona e não é preciso fazer muita coisa extraordinária. O que existe com essas pessoas é, por si só, extraordinário. E isso é tão bom.