estória§140


Eu quero ser feliz. Que frase tão clichê! Mas é verdade. Todos queremos isso. E eu acho que já merecia ter isso. Não quer dizer que a minha vida seja infeliz. Momentos felizes existem, todos os dias, pelas mais pequenas coisas que enchem o coração e aquecem a alma. Mas… Falta algo, que ainda não descobri bem o que é. Ainda não percebi qual o meu “pacote de felicidade”. E imaginamos, sonhamos com tantos finais felizes. Mas ainda não foi. Simplesmente, ainda não foi. Há que aproveitar o caminho. O que se diz: a felicidade não é um destino, é um caminho. Sendo assim, há que ir com calma. Um dia de cada vez. Aproveitando tudo o que acontece à nossa volta. Vivendo cada coisa. E, muito importante: abstrairmo-nos de toda a bagunça que vai na nossa cabeça, de tudo o que não interessa e só atrapalha a nossa jornada.

[E repete-se isto muitas vezes, de modo a que o que mais se quer seja esquecido.]

estória§139


Ainda saudades. Infelizmente ainda saudades. Há dias difíceis.

[E com o desejo que, lá fundo, vejas isto e sintas saudades também.]
[Não podia desejar coisa mais utópica e descabida. Impossível mesmo.]

estória§138


Uma pessoa acaba por ficar bem. É sempre assim. Mesmo que no início isso possa parecer de todo difícil. Pensa-se que essa dor não vai passar. Que essa tristeza não vai passar. Que as saudades não vão passar. Que os pensamentos vão ser sempre ocupados pelo mesmo. Mas não é verdade. Não é verdade de todo. E já sabíamos isso. Mas custa acreditar. A verdade é que o tempo ajuda em tudo. A verdade é que aprendemos a viver com essa dor, essa tristeza, essas saudades, esses pensamentos. Aprendemos a viver com isso. E a cada dia que passa, lidamos melhor isso. Apesar de não nos apercebermos. Mas olhando para trás, vemos que “melhoramos”. Algumas coisas já se desvaneceram. Outras ainda estão lá. As saudades ainda estão lá. Os pensamentos ainda estão lá. Mas estão arrumados. Sabem o seu lugar e sabem que dali não vão a mais sítio nenhum. E por isso têm que se contentar com isso. Nós aprendemos a viver com isso. Com as coisas arrumadas nos sítios delas. E vamos começando a ser feliz e a estar bem. Mesmo que as saudades e os pensamentos ainda lá estejam. Um dia essas coisas também vão ficar arrumadas de vez. Simplesmente não se pode fazer tudo ao mesmo tempo e de repente. Há coisas que precisam de mais tempo. As saudades precisam de muito tempo para ficarem bem arrumadas. Precisam de mais tempo e de algum empurrãozinho. E em termos de empurrãozinhos, a vida tem feito o seu trabalho relativamente bem. Agora, é questão de tempo. Mais dia, menos dia. Mais semana, menos semana. Mais mês, menos mês. Neste momento, ainda és o meu ponto fraco. A diferença de há um tempo atrás, é que já aprendi a viver com isso. Já aprendi a estar bem com isso. 

estória§137


Será verdade? Aquelas coisas que se leem em livros, que se veem em filmes, que se imaginam na nossa cabeça. Acontece mesmo? Começo a duvidar. Começo a duvidar que os meus sonhos sejam apenas isso, sonhos, pensamentos, histórias imaginadas e nada mais que isso. E que a culpada disso seja mesmo eu. Que ponha a fasquia demasiada alta. Que exija demais. Que queira demais. Que os sonhos façam isso. Que sejam eles os responsáveis. Que me afastem da realidade. Que não me deixem aproveitar o que há. Porque afinal, queria que fosse como nas histórias imaginadas. E a minha voz sonhadora sussurra: um dia. Sussurra para que ninguém oiça e boicote as coisas. Porque às vezes queremos mesmo alguém ao nosso lado. Por mais que a vida corra bem, às vezes isso faz falta. Às vezes é só isso que faz falta. E acreditando que é um dia, vive-se feliz com esse pensamento. Vive-se feliz com as pequenas coisas do dia-a-dia. Vive-se feliz com quem nos faz feliz no presente. O que importa mesmo é que no final do dia estejamos assim: felizes. Seja pelo trabalho que correu bem. Seja pela companhia das pessoas. Seja por se ter apanhado os transportes todos tal como se queria. Seja pelo “engate” de um miúdinho, que sabe como deliciar uma rapariga. Seja por não se ter apanhado chuva. Seja pela festa que o nosso animal faz quando se chega a casa. Seja por se ter ouvido uma das músicas preferidas na rádio. Seja pelas conversas parvas que se têm. Seja pelo que for. Simplesmente dar valor a isso. Simplesmente ficar feliz com isso. Sem pedir mais. Sem querer mais. Pelo menos por agora.