estória $112


Os gestos pesam muito. Têm grande importância. Definem uma pessoa e mostram os seus sentimentos. Por gestos demonstra-se por vezes o que não se consegue transmitir por palavras. E no fundo, o que fica na memória são os gestos que as pessoas têm para connosco. É o que fica daquela pessoa. Porque ao lembrarmos isso, lembramos o modo como nos sentimos com ela, o que nos fez sentir numa dada altura, num dado momento. Contudo, as palavras também têm a sua cota parte nisto tudo. Dizem que ‘palavras, leva-as o vento’. Bem, a longo prazo isto até pode ser verdade. A pessoa esquece, as memórias não são tão claras do que ouvimos dos outros, podemos relembrar a ideia geral, mas o que fica gravado são o que fizeram. Agora a curto prazo.. As palavras têm um impacto imediato. Dizem algo e aquilo entra em nós. E fica lá a ressoar por uns momentos. E acreditamos naquilo que nos disseram. Que pode ser verdade ou não. E nesta parte, os gestos ajudam a confirmar isso. Os gestos podem ou não ir de encontra às palavras. Mas, tal como as palavras têm impacto, a falta delas também. Uma pessoa pode ser só gestos. Gestos para tudo e mais alguma coisa. E isso é bom. É o que vai ficar, certo? Mas por vezes uma pessoa precisa de ouvir de outra aquilo que ela nos faz sentir. Um modo de consolidar as coisas. De um certo modo, pôr as coisas em pratos limpos. Precisamos das palavras para ter a certeza do que sentimos. Precisamos das palavras para acreditar que é mesmo aquilo. Porque o que sentimos nem sempre é assim tão claro. Precisamos das palavras para tornar mais real o que os gestos tentam transmitir. 

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