estório §120


Ela não contava com ele. Ou melhor, ela não contava com ninguém. Não estava à espera que alguém novo fosse aparecer na sua vida. Mas ele veio. Ele entrou de um modo estranho na vida dela. E foi ficando. E ela começou a gostar. E gostou rápido, como lhe acontecia sempre que começava a gostar de alguém. Ele continuou lá. Mesmo quando não estava pessoalmente, ele continuava presente no seu pensamento [e continua]. Coisas boas foram acontecendo. Coisas que a deixavam feliz. Ele deixava-a feliz. Mas ela sempre teve medo e mostrava-se insegura. No fundo, ela tinha medo que isto fosse como era das outras vezes que gostava de alguém. E acabou por ser. Afastaram-se sem, se calhar, se darem conta, sem o quererem fazer. Mas estava a acontecer. Houve falhas. Ela não queria aquilo. Ela tinha certezas. Do que sentia. Do que queria. Apesar disto, duvidava dele. Ele não tinha certezas. As coisas para ele tinham desaparecido. E isso já não a deixava feliz. Mas antes com saudades. Saudades dele. Do que existiu. E, principalmente, do que poderia ter existido.

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