estória §90


És uma coisa que me afecta. E afectas-me mais do que aquilo que devias afectar. Quer dizer, não me devias de afectar em nada. Não devias ter esse poder sobre mim. Porque eu devia de me estar a lixar para ti. Mesmo que não queiras e que eu não queira, acaba por ainda haver uma esperança ínfima, tão ínfima que mal se nota, mas que para mim significa muito. Depois tiras-me essa esperança como se me tirassem o chão e eu caio sem saber o que fazer para impedir isso. E isto acontece sempre e sempre, e vai voltar a acontecer. Não devia ser assim. Mais uma vez digo que não devia ser assim. Eu não tenho este poder em ti e tu não o devias ter em mim. Não. Mas eu sou a culpada disso. Dou importância a uma coisa que não merece. Permito que isso entre na minha vida e a comande em demasia. Mas eu sou assim. Esta sou eu. A dar importância a quem não merece, a quem não me dá nem metade. E eu apenas queria que me desses um bocadinho do teu tempo. Meia hora, talvez mais talvez menos. Dependia de ti também. Mas talvez meia hora fosse suficiente. Contudo, parece que não tens esse tempo para mim. Não tens, não queres. Foges. Sinto que foges disto. Acho que não tens coragem para vir ter comigo e falarmos. Sim, porque eu só quero conversar contigo.

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