estória §58


Os dias correm. Uns atrás dos outros. Sem pressa de acabarem. Parecem todos iguais. Infelizmente. Parece que todos os dias é as mesmas coisas. O mesmo ritmo. As mesmas coisas a fazer. As mesmas pessoas. O mesmo rosto. Os mesmo sentimentos. A mesma irritação. O mesmo aperto no coração. A mesma vontade de deitar tudo cá para fora. O mesmo querer falar sem ninguém para ouvir. As mesmas lágrimas ao canto dos olhos. Por vezes é assim. Por vezes os dias revelam-se desta maneira. Não há sol e o céu está com nuvens. É. Surge uma raiva e uma irritação fora do normal e inapropriada. Não se consegue controlar. E apenas se deseja que fosse diferente. E apenas se quer mudar as coisas em redor. Mas parece não haver maneira. A luz ao fundo do túnel está longe. Por mais que se caminhe não se vê nada. Não há nada. Parece que se ficou ali sem ninguém. E por mais que se queira sair e ver o sol, as nuvens são tantas que se torna tudo ainda mais complicado. Nada do pouco que se faça ajuda ao passar destes dias. Que teimam em não ter pressa de acabarem. Porquê que há dias assim? Não eram precisos. Não mesmo. Só estragam uma pessoa, por dentro e por fora.

Estou farta. Irritada. Está tudo contra. Tudo e todos. Já não posso com nada nem ninguém. Só quero desaparecer. Estar longe uns tempos. E ter alguém que ajude com isto. E no fim, voltar ao que era antes. Estar rodeada por aqueles de quem gosto. Os quais adoro e sinto falta. Mas parece que agora estão longe e ocupados.

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