Existem momentos para tudo. De trabalho. De lazer. De amar. De cair. De
chorar. De sarar feridas. De levantar e erguer a cabeça. De amizade. De zangas.
De conhecer e descobrir. De confiar. De aceitar. De retribuir. De dar. E tantos
outros momentos. Cada coisa tem o seu momento para existir e se transformar em
algo mais ou algo menos. Porque é assim em tudo na vida. É assim que o Ser
Humano experiencia as coisas. E, quer este queira ou não, as coisas tornam-se a
repetir de alguma forma. Tornam a existir momentos de tudo outra vez. A vida é
feita disso. Momentos bons e menos bons. Dos que ele mais se deseja. E daqueles
que o destino acha que ele precisa. No fim, é sempre uma incógnita do que virá
de novo. Do que estará a caminho de cada um. Bom? Mau? Quem saberá? Mas um dia,
o Ser Humano olha para trás e percebe, ou tenta perceber, a razão de ter
acontecido determinado momento na sua vida. Faz tudo parte de cada um. Ele é
uma coletânea de momentos que abrangem uma escala imensa de sentimentos,
pensamentos, emoções, visões, sons, cheiros e sabores. Tudo isto dado ao acaso.
Ou então com toda a lógica e precisão dentro do acaso que parece ser. O que ele
pode pedir? Que a sorte esteja do seu lado e acreditar que virão sempre dias
melhores. Porque acreditar é tudo.
deixa-me-feliz#11
. fazer a Árvore de Natal
. ficar no escuro a ver a Árvore de
Natal iluminada
. luzes de Natal pela casa, pelas
ruas, por toda a cidade
estória§164
É em alturas como estas que nos perguntamos ‘O que andamos aqui a
fazer ao certo?’ ou ‘Será isto mesmo só uma passagem? A vida será algo tão
maior do que aquilo que realmente pensamos conhecer dela?’ ou ‘Se afinal isto
for somente uma passagem, uma pequena viagem antes de continuarmos para outro
planeta, poderia eu passar a fazer somente o que quero, o que me deixa feliz,
sem me importar com nenhuma consequência disso?’. São as coisas que me passam
pela cabeça nestas alturas. Parece tudo tão breve, às vezes tão sem importância
– dinheiro, ambições, preocupações, zangas, …. – fica tudo resumido a nada. Não
levamos nada daqui. Se calhar poderia deixar tudo e “partir” para um novo
caminho. Mas não é possível viver sem fazer nada que nos dê condições para
viver. Precisamos disso. Apesar de no fim, nada disso importar.
estória§163
E quando parece que existem coisas que apontam para uma segunda
oportunidade? Quando parece que o vento traz pequenas conspirações a nosso
favor? Sinais de que as coisas se calhar podem tomar a direção que nós
desejamos. Mesmo que esse seja um desejo inconsciente ou que se esteja até a
reprimir, e simultaneamente ficarmos um tanto ou quanto eufóricas pela
possibilidade de existir uma luz ao fundo do túnel. Algo contraditório. Mas de
momento não se consegue definir melhor. Estamos neste impasse. Quer-se. Não se
quer. Deseja-se. Não se deseja. Se calhar, é necessário mais sinais. Sinais
mais fortes e mais consistentes. Dar tempo ao tempo e esperar. Ou a luz se
torna mais intensa ou se desvanece.
[Se calhar não há mesmo segundas oportunidades.]
estória§162
Às vezes parece que já passou por certas situações. Dejá vu.
Simplesmente isso. É uma sensação tão estranha. No corpo e na cabeça. Quase se
sente que se está ali mas não se está. Parece que estamos do lado de fora da
imagem a ver o desenrolar da cena. As coisas passam na nossa cabeça tão rápido
que não se consegue perceber o que é ao certo. Apenas se tem a sensação que
aquilo já aconteceu. Já se viveu aquilo. Não nos lembramos bem é onde aquilo se
passou ou quando aconteceu, exatamente. O que causa uma certa confusão e
estranheza em nós próprios. Simplesmente paramos, abanamos a cabeça e dizemos:
onde foi que já isto aconteceu? E fica a tal sensação estranha no corpo. Fica-se
atordoado. Começamos a pensar se aquilo já aconteceu na realidade ou se já
sonhámos com aquilo ou, então, nem uma coisa nem outra. E quanto mais se pensa,
mais difícil é chegar-se a uma conclusão. Isto acaba por passar, sem nunca se
perceber bem o que se sucedeu. Estranho. Simplesmente é essa a sensação.
deixa-me-feliz#10
. o sol de Outono, sem vento, sem chuva
. começar a ver o nascer do sol
. ter assinado o contrato
. ser reconhecida pelo que estudei
. saber que vou estar com elas brevemente - porque "nada nos separará", nem a distância, nem o tempo
. começar a ver o nascer do sol
. ter assinado o contrato
. ser reconhecida pelo que estudei
. saber que vou estar com elas brevemente - porque "nada nos separará", nem a distância, nem o tempo
estória§161
Ontem ouvi esta frase: You never know what tomorrow will bring. Can
be anything. Anything.
E é tão verdade. Ontem não sabia de todo como ia ser o dia de hoje. Apesar de saber
que lá é sempre uma animação e rotina e monotonia são palavras que não fazem
parte do dicionário daquele espaço. Mas, apesar de contar com esse “fator
surpresa diário”, nunca saberia ontem o que ia acontecer. Coisas boas acontecem
quando menos esperamos. Mesmo que as desejemos, é quando menos contamos com
elas que elas acontecem. E sabe tão bem, sentimo-nos felizes com as boas novas.
Só espero que aconteçam milhares de coisas assim na minha vida. Coisas boas
quando menos espero.
20.09.2013
estória§160
Sinto-me a
perder-te aos poucos. Finalmente, posso dizer. Digo-o com o certo agrado. Mas
também com uma certa nostalgia. Vai ficar sempre uma parte de ti em mim. Não
sei se é bom, se é mau. Mas vai ficar. É uma sensação. Afinal, fica sempre um
pouco dos outros que passaram por nós, que nos marcaram por algum motivo. Foste
importante para mim. Foste. Tenho que admitir. Mas já passou o momento. Já foi.
É preciso arrumar-te de vez. É impossível voltares a preencher a minha vida. Ficarás
como mera recordação. E assim começo-me a sentir reconfortada.
estória§159
Como às vezes
seria tão bom ser pequenina e não (a)perceber nem metade do que está a volta. Onde
os problemas e sentimentos giravam em torno das brincadeiras, das amizades e
pouco mais. Era um sossego grande, do qual só agora se dá conta. Da
preciosidade que isso era. Talvez por isso, se escolha ficar calado em certas
alturas. Não falar o que se sente ou o que se acha sobre algo. Ficar calado
como se não percebemos do que se trata. Como se fossemos crianças. Um modo de
proteção. Um modo de fuga. Talvez seja isso.
estória§158
Tudo parece diferente aqui. Longe da tão grande cidade. Longe do
barulho dos carros, do trânsito, da agitação das pessoas. Longe de um lugar
cheio de ritmo e luz. Aqui é tudo o oposto. Calmo. Muito calmo. [Para dizer a
verdade, calmo demais em certas alturas.] Carros de longe a longe. As pessoas
têm outro estado de espírito. E acaba-se por adoptar tal estado de espírito e
tudo muda. As rotinas são diferentes. Não há horas marcadas. Pode-se fazer o
que quiser, quando quiser. É uma liberdade diferente. E que às vezes é
necessária. É necessário afastarmo-nos da confusão e fugirmos para um sítio
sossegado. E, apesar de não aguentar muito tempo assim, poderia lá ficar esta
semana. Longe da adorada Lisboa. Onde o meu corpo pedia por outro ritmo. Por
outra vida. É necessário. Por vezes isso é necessário. Assim que puder volto
para lá.
estória§157
“Quando se ama, qualquer movimento pode ser em falso e significar
morte imediata. Um suspiro, uma palavra fora do contexto, um gesto desadequado,
um desabafo, até um silêncio podem mudar a rotação da terra e inverter o
sentido dos ponteiros do relógio. Troço
da minha tristeza, pinto quadros que não sei o que são só para ficar exausta,
finjo que não é nada comigo e espero que, um dia, possa sair da reserva e a
minha vida mude, enquanto vou mordendo o silêncio e o desapontamento porque
nunca há respostas na espera. (…) E tentar divertir-me, ir ao cinema como quem
cura uma gripe, respirar fundo e aproveitar o sol de Lisboa. Tenho de aprender
a ser feliz, como se a felicidade viesse em livros de receitas: estenda o seu coração numa superfície polvilhada de farinha, corte em
quatro partes e reserve. Leve o seu desejo ao lume em banho-maria e reserve.
Meta os seus sonhos no forno a 180° e reserve. Mergulhe a sua vontade em vinho
tinto, deixe marinar durante três dias e reserve.”
(MRP)
estória§156
É bom saber que
somos desejados. Queridos. Em algum lado. Por alguém. Dá uma sensação boa.
Faz-nos bem. No fundo, precisamos disso, dessa sensação. Mesmo que não
admitamos, porque o Ser Humano tem dificuldade em admitir isso. Em admitir que
necessita de se sentir desejado. Querido. Amado. Gostado. E, em algum momento
da nossa vida isso pode fazer toda a diferença e mudar-nos a disposição e o
modo de estar. É como chocolate para a alma.
deixa-me-feliz#9
. as meninas pedirem penteados e
unhas pintadas
. sentir-me querida num sítio
. a C. ou a A.C. aparecerem de
surpresa no gabinete com chazinho frio
. saber que gostam de mim
estória§155
Há um ano atrás não diria que estaria aqui hoje. Não diria que a
minha vida fosse esta. Nunca se sabe o que pode vir. Onde poderemos estar. Com
quem poderemos conviver. Aonde poderemos chegar. Novas pessoas entraram desde
há sete meses atrás. Novos locais começam a ser-me tão familiares como a cidade
onde vivo. Novas oportunidades profissionais vieram. Mas não foram só coisas
novas que surgiram. Perderam-se coisas. Pessoas ficaram pelo caminho, numa
estação qualquer em que parámos. Sítios deixaram de ser frequentados. Tempo
livre reduziu. E também houve algumas mudanças. O coração mudou [não sei se
para melhor ou para pior, mas está diferente porque a realidade não é a mesma].
O estilo de vida mudou [e por um lado é bom sinal, por outro é um pouco mau]. As
rotinas alteraram-se. Mas também houve coisas que se mantiveram. É bom manter
algumas coisas. É essencial. Mesmo que não sejam todas as coisas que queríamos que
se mantivessem. Certas amizades mantêm-se. Certos locais mantêm-se. Certos
pensamentos mantêm-se [e que já deviam ter ido].
O tempo, mais as oportunidades que soubermos e conseguirmos vislumbrar
no dia-a-dia, mais a força de querer fazer isso – é o que faz a nossa vida
mudar. Conseguem transformar as nossas vidas. Quem sabe de um dia para o outro.
Nunca sabemos o que poderá acontecer amanhã. Nunca se sabe o que poderemos
esperar ao sair de casa amanhã de manhã.
estória§154
Desapegar. Trata-se disso. Ela sabe-o há tempo suficiente. Mas tem
dificuldade em passar à prática. É sempre mais fácil falar do que agir. Perdeu
uma oportunidade. Não quer pensar que fosse “a” oportunidade. Mas, na verdade,
ela pensa isso. Pensa que aquela era a oportunidade dela. Pensa que falhou. E o
que mais deseja é poder voltar atrás no tempo. Que cliché. Poder fazer melhor.
Poder emendar os erros que cometeu. Poder fazer outro final. De preferência
feliz. Mas isto é tudo uma ilusão. Nada disto vai acontecer, mas custa-lhe
acreditar nisso. Esta ilusão toda prende-a aos poucos. E cada vez mais. Repetir
tudo again and again, sem fim, dentro
daquela cabecinha. Ter o coração sempre sufocado com toda esta situação. Não
lhe permite ser completamente feliz. Não lhe permite ser completamente livre.
Não lhe permite gozar completamente todos os momentos que a vida lhe traz a
cada dia. Um dia ela vai ter que mudar. Mas ela pensa que não consegue. Ela
está presa.
deixa-me-feliz#8
. jantaradas com novas e fantásticas pessoas
. ter dias em que ao chegar ao fim do dia estou contente e
penso: não estava à espera que fosse assim quando acordei
estória§153
Parece que estava lá de visita. Juntamente com mais pessoas. Ele
chegou e foi cumprimentá-la. Disseram ‘Olá’ e ela desviou a cara de modo a que
ele a beijasse na bochecha. Ele ficou algo admirado e questionou-a. Ela
encolheu os ombros. Ele virou-se e saiu-lhe da boca as palavras ‘Se fosse o
outro, não fazias isso’. Ela ripostou ‘então arranja outra’ e virou costas. Foi
à casa de banho. Tinha que andar em picos dos pés, o chão estava imundo.
Passado um bocado ele entrou e disse-lhe algo ‘Não pode ser assim’. Ela olhou
para ele, abraçaram-se e ele pegou-a ao colo. Foi um abraço apertado e que
ambos estavam a precisar. Ele perguntou ‘O que tens? O que se passou?’. Ela
respondeu ‘Tenho medo’. Ela tinha medo que não fosse verdade. Ele inclinou-se
para a beijar e ela não desviou a cara. Entretanto ouviram barulhos vindos da
sala e saíram da casa de banho. Entretanto, tudo se esfumou, como um sonho.
estória§152
[Apertas-me o coração.] Quando nos lembramos de algo bom que já lá
vai há um tempo atrás. Sabem como é a sensação? É mesmo essa. Relembrarmos um brinquedo
de que gostávamos, um peluche que era o mais querido de todos mesmo que fosse
já velho. Mas um dia deixamos de ter isso, sem percebermos como isso aconteceu
por mais voltas que damos à cabeça não é clara a altura em que isso desapareceu
da nossa vida. E fica a tal lembrança. Que simultaneamente nos faz sorrir e nos
frustra por já não o termos. E dá o tal aperto no coração.
[Tu és assim em mim. Serás sempre, tenho essa
sensação agora. Infelizmente.]
estória§151
Sinto que nunca vou ter isso. Não vou conseguir apanhar esse balão.
Está demasiado alto para mim. Eu bem me estico. Meto-me em pontas dos pés.
Estico um braço o mais alto que posso. Mas não é suficiente. Nunca é. Existe
sempre alguém que é mais alto. Também não é difícil. Mas há sempre outro alguém
que agarra esse balão por mim.
Porque é que os balões não voam baixinho?
estória§150
Há um ponto de viragem. Há sempre pontos de viragem ao longo da
caminhada. Por isso, tem que haver um ponto de viragem. E se não for hoje, tem
que ser muito em breve. É necessário. Somente é necessário isso. Um (grande)
ponto de viragem. Uma nova atitude. Uma nova postura. Novos pensamentos. Novas
ocupações. E deixar de lado as preocupações. Não se pode fazer nada com elas.
Elas só nos moem a cabeça e nos atormentam. E, claro, impedem o tão necessário
ponto de viragem. Por isso, mãos à obra, como se costuma dizer.
[Não te esqueças deste novo pensamento. Deste
optimismo todo e força de vontade em virares tudo. Não te esqueças.]
deixa-me-feliz#7
. poder fazer mesmo aquilo para que estudei
. andar com a cabeça ocupada (não metendo o coração à
mistura)
deixa-me-feliz#6
.
eles ficarem felizes por nós não estarmos chateados com eles
.
estar no jardim a apanhar sol com os pezinhos ao léu e em boa companhia
.
ver a autêntica felicidade da L. por ir ao parque
estória§149
2013, querido 2013... as coisas não são bem o que acordei
contigo. Coisas novas aconteceram. Pessoas novas entraram porta adentro. E
foram boas até agora. É certo. Mas... Também já aconteceram coisas menos boas,
e isso marca tanto. Focamo-nos tanto nessas coisas. E coisas menos boas atraem
coisas menos boas. É um ciclo e é necessária uma força, por demais, para virar
isto ao contrário. [Pelo menos para mim.] Há que se focar nas coisas boas,
sejam elas grandes ou pequenas, simples ou mais complexas. Tem-se mesmo. Ou
melhor: obrigamo-nos a tal. Como uma nota de rodapé a passar no televisor (do
cérebro) a relembrar constantemente o telespectador de algo importante e a não
perder. Precisa-se disso. Precisa-se de bastantes coisas desse género para
seguir com a vida. De suporte. De pequenas coisas que façam a diferença. De
bastantes coisas que nos deixem feliz. Todos os dias. Todos precisamos, certo?
2013,
não te esqueças de mim. Please, be good [very good] to me.
[Ainda
vais a tempo.]
deixa-me-feliz#5
. estar na galhofada e na paródia com novas pessoas
. sentir que faço falta e que precisam de mim
. sentir o primeiro calorzinho do ano
. quando a L. e a A.L. me pedem para fazer tranças e
apanhados
. ver o R. entusiasmado com alguma atividade e vir, por
decisão apenas dele, participar
. quando a mãe me deixa recados a dizer do jantar e que
está tudo prontinho à minha espera
. comer crepe com chocolate e morangos
deixa-me-feliz#4
. dias de primavera - sol mas não com um calor em demasia
. pôr a conversa em dia com quem já não estou há algum tempo
. beber frappucciono de morango
. ter uma recepção calorosa da minha menina
. chegar a casa e poder descansar no sofá a ver séries
estória§148
As coisas podem mudar rapidamente. Principalmente quando achamos que
já estão más, elas podem piorar. Se calhar já estamos predispostos a isso e acabamos
por atrair essas coisas menos boas. Apesar de não as podermos controlar, parece
que é uma energia que anda ao redor que faz isso tudo acontecer. Quando algo
menos bom acontece e ficamos mais desmotivados, mais frustrados, mais
desanimados, parece que isso só faz outras coisas menos boas acontecerem. E só
me apetece gritar e dizer que isto tudo vá dar uma volta ao bilhar grande, que deixem a minha vida seguir por um bom
caminho. Preciso de uma reviravolta. Em tudo. Por favor. Mais coisas menos boas
não. Por favor.
deixa-me-feliz#3
. ir a sítios novos (e ir aos mesmos sítios) com
aquelas pessoas que são das mais importantes para mim e passarmos um óptimo
momento
. um dia típico de primavera – sol, calor não em
demasia, uma pequena aragem por vezes
. expressarem carinho e alegria ao verem-me e sentir-me
um pouco importante para eles
. vê-los a divertirem-se e a conviver uns com os outros
estória§147
Foi uma lufada de ar que a meteorologia não previu que ia acontecer.
Ela dizia que ia estar sol e um tempo calmo. Eu pensava assim. E não gostei
desse vento que houve. Porque simplesmente não estava preparada para isso.
Agora já sei. Tempo com sol e na maioria das vezes calmo, mas pode haver vento
por vezes.
deixa-me-feliz#2
. as conversas parvas que existem independentemente
das idades e formação
. o quanto elas se divertem e ficam orgulhosas de
fazerem os quadros em tecido
. as saudades da faculdade, ao jogar à forca e
conversar viradas para trás, nas aulas da formação
. andar à procura na rádio de uma música que gosto e encontra-la
. conduzir sem trânsito, com a música alta, a cantar
sem ninguém ouvir, imaginar que poderia ir sem destino e sentir-me livre
. sentir o calorzinho do sol
. sentir o calorzinho do sol
deixa-me-feliz#1
.saber que tenho que trabalhar domingo - o que
significa que tenho segunda-feira de manhã livre - o que significa que posso ir
ao aeroporto despedir-me da minha badalhoca
.a alegria do H. por eu ter levado a "Bela e o
Monstro"
.a L. se esconder debaixo da mesa assim que eu entro
na sala, a pensar que eu não a vi
.a L. fazer mais facilmente o seu papel no teatro
.eles estarem todos entusiasmados e interessados em
algo que estou a mostrar e explicar
.saber de amigas com quem não falo há algum tempo
.os dias serem maiores - o que significa que está
completamente de dia quando chego a casa - o que faz com que pareça que chego
mais cedo
estória§146
O corpo paralisou. O coração acelerou. Meio por surpresa. Meio por
entusiasmo. Meio por um certo medo. Sem dúvida que eu não estava a contar
contigo aqui tão perto. Vi-te tão de repente que apenas deu para paralisar.
Ver-te e desviar o olhar, mas querendo continuar a ver-te. Estás igual. Diferente,
mas igual. Será que me viste, reparaste que eu estava ali? Ou estava tão
concentrado e atento à estrada e a quem estava ao teu lado que não olhaste em
frente? Vieram coisas à memória, como é lógico. Mas já não és tu. Percebi-o
hoje. Tive a certeza disso. E ainda bem. Gosto de ter certezas. Já não és tu.
Mas sim o que eu era e o que eu sentia quando estava contigo. Isso sim,
continua a ser o que quero. Contudo, continua a estar tão longe. Quase que
diria que parece impossível ser e ter isso outra vez. Mas as coisas são assim. Coisas
boas se vão para coisas melhores virem. E tudo isto quando menos esperamos. É o
que se diz.
estória§145
Há ilusão. Há sempre ilusão no início. E um género de promessas.
Promessas disto e daquilo. No começo de tudo, há esta duas coisas. Em que se
acredita e nos ajudam a seguir o caminho. Aos poucos apercebemo-nos que as
coisas não estão bem a ser o que nos disseram que iam ser. Estão a fugir um
bocadinho. E acabamos por desempenhar papéis que não deviam ser os nossos. Às vezes
até nem desgostamos dos novos papéis. Mas não era bem aquilo. Falta algo. Falta
algo do que nós somos mesmo. E tentamos pôr isso em tudo o que fazemos, em tudo
o que dizemos. Em tudo. Mas principalmente, independentemente dos papéis que
nos calham, tentamos fazer o melhor que conseguimos para que os outros nos reconheçam
e nos valorizem.
estória§144
E se eu já tiver passado por ti? E se eu já tiver estado contigo e
não reparei que eras tu? Se não reparei que eras a metade do círculo azul? O
que acontece? Vamos andar uma data de tempo até nos encontrarmos
outra vez? É isso que acontecerá? Ou só existe uma oportunidade e perdendo-a,
já não se pode fazer mais nada?
Ou será que simplesmente andamos perdidos, sem nunca nos termos
visto? E um dia aparecemos no mesmo sítio e acertamos os nossos passos? Será?
estória§143
Com o tempo a vida vai-se enchendo de novas coisas. Novas pessoas.
Novos acontecimentos. Novas preocupações. Novos pensamentos. Novas memórias.
Tudo vai entrando, dia após dia. E gosto disso. Gosto de um dia cheio. Cada vez
gosto mais. Mantém-me ocupada. Também cansada. Mas sabe tão bem chegar o fim do
dia, ver o pôr-do-sol a caminho de casa, chegar e simplesmente adormecer mal
caia na cama. Nada me tem sabido melhor ultimamente do que estes dias tão
cheios. De tudo.
estória§142
Será que te lembraste (de mim) por um momento, mesmo que breve..
Será? Um leve sorriso traçou-se no meu rosto ao ver isto, porque por um “breve”
momento me lembrei (de ti), de como se estava bem naquela altura em que este programa dava.
estória§141
Parecia uma
coisa irreal. Ainda estávamos meias adormecidas ao ir para tão esperado
reencontro. Foi tão bom ver-vos. Ali bem à minha frente. Passados uns anos sem
estarmos juntas fisicamente. Foi tão bom. Realmente há amizades que duram, que
resistem ao tempo. Não importa não falarmos sempre. Não importa não estarmos
juntas. O que importa é que pensamos umas nas outras, que não nos esquecemos. É
isso que faz as coisas se manterem. Reencontrarmo-nos e ser como antes. Bem,
exatamente como antes não. Já não somos nenhumas miúdas, e agora só gozamos com
isso. É tão bom recordar tudo, todos os momentos que passámos. E ver o que
mudou. E ver o que se manteve. Agora? Agora que venham mais tardes destas de
uns meses em quantos meses. Porque não importa a quantidade, mas sim a
qualidade dos momentos, da amizade. Há coisas que simplesmente se mantêm. Há
pessoas com as quais isso funciona e não é preciso fazer muita coisa
extraordinária. O que existe com essas pessoas é, por si só, extraordinário. E
isso é tão bom.
estória§140
Eu quero ser feliz. Que frase tão clichê! Mas é verdade. Todos
queremos isso. E eu acho que já merecia ter isso. Não quer dizer que a minha
vida seja infeliz. Momentos felizes existem, todos os dias, pelas mais pequenas
coisas que enchem o coração e aquecem a alma. Mas… Falta algo, que ainda não descobri
bem o que é. Ainda não percebi qual o meu “pacote de felicidade”. E imaginamos,
sonhamos com tantos finais felizes. Mas ainda não foi. Simplesmente, ainda não
foi. Há que aproveitar o caminho. O que se diz: a felicidade não é um destino,
é um caminho. Sendo assim, há que ir com calma. Um dia de cada vez.
Aproveitando tudo o que acontece à nossa volta. Vivendo cada coisa. E, muito
importante: abstrairmo-nos de toda a bagunça que vai na nossa cabeça, de tudo o
que não interessa e só atrapalha a nossa jornada.
[E repete-se isto muitas vezes, de modo a que o
que mais se quer seja esquecido.]
estória§139
Ainda saudades. Infelizmente ainda saudades. Há dias difíceis.
[E com o desejo que, lá fundo, vejas isto e sintas
saudades também.]
[Não podia desejar coisa mais utópica e descabida.
Impossível mesmo.]
estória§138
Uma pessoa acaba por ficar bem. É sempre assim. Mesmo que no início
isso possa parecer de todo difícil. Pensa-se que essa dor não vai passar. Que
essa tristeza não vai passar. Que as saudades não vão passar. Que os
pensamentos vão ser sempre ocupados pelo mesmo. Mas não é verdade. Não é
verdade de todo. E já sabíamos isso. Mas custa acreditar. A verdade é que o
tempo ajuda em tudo. A verdade é que aprendemos a viver com essa dor, essa
tristeza, essas saudades, esses pensamentos. Aprendemos a viver com isso. E a
cada dia que passa, lidamos melhor isso. Apesar de não nos apercebermos. Mas
olhando para trás, vemos que “melhoramos”. Algumas coisas já se desvaneceram.
Outras ainda estão lá. As saudades ainda estão lá. Os pensamentos ainda estão
lá. Mas estão arrumados. Sabem o seu lugar e sabem que dali não vão a mais
sítio nenhum. E por isso têm que se contentar com isso. Nós aprendemos a viver
com isso. Com as coisas arrumadas nos sítios delas. E vamos começando a ser
feliz e a estar bem. Mesmo que as saudades e os pensamentos ainda lá estejam.
Um dia essas coisas também vão ficar arrumadas de vez. Simplesmente não se pode
fazer tudo ao mesmo tempo e de repente. Há coisas que precisam de mais tempo.
As saudades precisam de muito tempo para ficarem bem arrumadas. Precisam de
mais tempo e de algum empurrãozinho. E em termos de empurrãozinhos, a vida tem
feito o seu trabalho relativamente bem. Agora, é questão de tempo. Mais dia,
menos dia. Mais semana, menos semana. Mais mês, menos mês. Neste momento, ainda
és o meu ponto fraco. A diferença de há um tempo atrás, é que já aprendi a
viver com isso. Já aprendi a estar bem com isso.
estória§137
Será verdade? Aquelas coisas que se leem em livros, que se veem em
filmes, que se imaginam na nossa cabeça. Acontece mesmo? Começo a duvidar.
Começo a duvidar que os meus sonhos sejam apenas isso, sonhos, pensamentos,
histórias imaginadas e nada mais que isso. E que a culpada disso seja mesmo eu.
Que ponha a fasquia demasiada alta. Que exija demais. Que queira demais. Que os
sonhos façam isso. Que sejam eles os responsáveis. Que me afastem da realidade.
Que não me deixem aproveitar o que há. Porque afinal, queria que fosse como nas
histórias imaginadas. E a minha voz sonhadora sussurra: um dia. Sussurra para
que ninguém oiça e boicote as coisas. Porque às vezes queremos mesmo alguém ao
nosso lado. Por mais que a vida corra bem, às vezes isso faz falta. Às vezes é
só isso que faz falta. E acreditando que é um dia, vive-se feliz com esse
pensamento. Vive-se feliz com as pequenas coisas do dia-a-dia. Vive-se feliz
com quem nos faz feliz no presente. O que importa mesmo é que no final do dia
estejamos assim: felizes. Seja pelo trabalho que correu bem. Seja pela
companhia das pessoas. Seja por se ter apanhado os transportes todos tal como
se queria. Seja pelo “engate” de um miúdinho, que sabe como deliciar uma
rapariga. Seja por não se ter apanhado chuva. Seja pela festa que o nosso
animal faz quando se chega a casa. Seja por se ter ouvido uma das músicas
preferidas na rádio. Seja pelas conversas parvas que se têm. Seja pelo que for.
Simplesmente dar valor a isso. Simplesmente ficar feliz com isso. Sem pedir
mais. Sem querer mais. Pelo menos por agora.
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