Chega a uma
altura em que nos fartamos de tudo. Mas de tudo mesmo. Fartamo-nos do nosso
dia-a-dia. Fartamo-nos da rotina de casa. Fartamo-nos do trabalho de sempre.
Sempre o mesmo sítio. Sempre o mesmo caminho. Sempre as mesmas coisas para
fazer. Fartamo-nos das pessoas com quem nos cruzamos. De todas. De tudo o que
fazem ou não fazem. De tudo o que dizem ou não dizem. Daquelas que são próximas
e das que estão próximas. Daquelas que estão longe e perto ao mesmo tempo.
Fartamo-nos de todas, da maioria ou apenas de algumas. Mas fartamo-nos. E
podemos até nos fartar daquelas que nos amam incondicionalmente ou das que nós
amamos incondicionalmente. Mas não é por mal. E não significa que deixássemos
de as amar. Mas aconteceu naquele momento, fartámo-nos. E mais grave é
pensarmos que a “culpa” é delas. Normalmente, a “culpa” é de nós próprios. Está
cá dentro. E nós não nos apercebemos disso. Apenas achamos que o mundo está ao
contrário. E contra nós. E então, fartamo-nos. E só queremos ter o dom de mudar
tudo, ou algumas coisas, na nossa vida, naquele momento. Porque pensamos que já
não dá mais, já não aguentamos mais. Não aguentamos (nem queremos) nada mais
contra nós, contra o que nós queremos para nós. Queremos que as coisas mudem.
Que as pessoas mudem. Não vemos que o tem que mudar ou quem tem que mudar somos
nós. E até vermos isso e percebermos isso, vamos estar sempre fartos. De tudo.
De todos. Cada vez mais.
Mas não é por
mal. Simplesmente, naquele momento, fartamo-nos de tudo e de todos.
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