Voltei a casa. Estou cá à um dia. Olhei de
relance e parece que estava tudo na mesma. Tudo igual a quando eu me fui
embora. As mesmas pessoas. As mesmas coisas. E foi bom. Foi bom que passado
este tempo as coisas estavam praticamente na mesma. O lugar que tomo como o
mais seguro na minha vida estava quase intacto. E digo quase porque estava
mesmo quase. Não estava totalmente intacto. Totalmente igual. Estava quase.
Praticamente. Parecia igual. Porque na verdade haviam pequenas mudanças. Leves.
Subtis mudanças que me deram o sinal de que a vida aqui continuou sem mim. Sem
isso diria mesmo que tudo parou por aqui com a minha ausência. Mas não. A vida
continua em qualquer parte. Comigo ou sem mim. Mas foi bom ver essas pequenas
mudanças. Esses pequenos detalhes. Uns que aconteceram para nós. Para mim.
Outros que foi para todos. As coisas voltaram ao "normal". A minha
vida voltou ao que era antes. Olha-se de relance para ela e parece que está
tudo na mesma. Que as coisas estão praticamente iguais em mim. Mas não. Também
eu tenho subtis mudanças. Umas feitas por mim própria. A todo o custo. Porque
por vezes tem que ser. E quando se está longe é mais fácil. Outras foram feitas
por outros. E essas não se podem controlar. Querer ou não querer. Elas vêm
direitas a nós e mudam-nos. Afectam-nos. Mas foi algo que provocou uma boa
mudança. Enchi-me de coisas novas. Pessoas novas. Sorrisos novos. Vozes novas.
Tanta mas tanta coisa. Fiquei a abarrotar. As coisas ainda se estão a digerir.
Estes dias ainda servem como processo de adaptação e acomodação de tudo o que
aconteceu. De tudo o que aconteceu lá com o que aconteceu cá. Do meu
"Eu" antigo com o meu "Eu" novo. O antes com o depois.
Ainda está tudo em balanço. Mas este vai ser um balanço com saldo positivo.
Longe dos problemas. Bons momentos. Pessoas fantásticas. Muita saudade. Mas
sabe bem voltar a casa. Ao porto seguro.
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