O querer nem sempre é o suficiente. Ela pensava que sim. Mas
enganou-se. Ela pensava que quando uma pessoa queria muito, que conseguia isso,
que o mundo conspirava todo a favor disso. Mas enganou-se. O querer nem sempre
é suficiente quando isso também depende de mais alguém. Porque é preciso dois “querer”
para no fim o resultado dar positivo. Pois “mais” com “menos” dá "menos". Por mais
que o “mais” seja grande, ele não vence o “menos”. O que é pena. Não basta uma
pessoa querer muito, desejar muito isso, afirmar que daria tudo e mais alguma
coisa. Isso não chega e não leva a lado nenhum. Ela concluiu isso, com pena.
Ela nunca teve tanta pena de o resultado ser “menos”.
estória §121
Queria ser forte o suficiente para seguir em frente. Não gosto de
incertezas. Queria respostas. Não as tens e eu tenho que ser forte o suficiente
para seguir outro caminho. É altura de pegar no mapa e ver outra direcção. Ou então
arriscar e ir à descoberta. Virar para um sítio qualquer. Novo. E não ficar a
tentar ir por um que, por mais que avance, parece que não saio do mesmo lugar.
Eu queria muito continuar a ir por este caminho, mas para ir sozinha tenho que
ir por outro. Tenho que pensar seriamente nisso. Qual o outro caminho que posso
começar a ir.
“E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a
que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com
a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao
mundo, e sem deixares que te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta,
em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para
onde ele te levar.” *Susana
Tamaro
(Eu não queria nada que fosse assim...)
estório §120
Ela não contava com ele. Ou melhor, ela não contava com ninguém. Não
estava à espera que alguém novo fosse aparecer na sua vida. Mas ele veio. Ele
entrou de um modo estranho na vida dela. E foi ficando. E ela começou a gostar.
E gostou rápido, como lhe acontecia sempre que começava a gostar de alguém. Ele
continuou lá. Mesmo quando não estava pessoalmente, ele continuava presente no
seu pensamento [e continua]. Coisas boas foram acontecendo. Coisas que a
deixavam feliz. Ele deixava-a feliz. Mas ela sempre teve medo e mostrava-se
insegura. No fundo, ela tinha medo que isto fosse como era das outras vezes que
gostava de alguém. E acabou por ser. Afastaram-se sem, se calhar, se darem
conta, sem o quererem fazer. Mas estava a acontecer. Houve falhas. Ela não
queria aquilo. Ela tinha certezas. Do que sentia. Do que queria. Apesar disto,
duvidava dele. Ele não tinha certezas. As coisas para ele tinham desaparecido.
E isso já não a deixava feliz. Mas antes com saudades. Saudades dele. Do que
existiu. E, principalmente, do que poderia ter existido.
estória §119
O tempo podia voltar para trás. Às vezes isso podia
acontecer. Podermos voltar para trás. Saltar de momento em momento. Relembrar
exactamente o que se viveu, onde se estava, com quem se estava, o que se sentiu, o
que aquilo provocou em nós, o que aquilo deixou em nós. E mais. Poder mudar,
poder reagir de outro modo, ter outra atitude, dizer coisas diferentes. Ou
simplesmente deixar tudo como foi e apenas reviver.
Subscrever:
Mensagens (Atom)