Porque as coisas nem sempre acontecem como gostávamos. Porque a vida
nem sempre nos dá o que queríamos. De um momento para o outro, tudo pode mudar.
De um momento para o outro, fica tudo do avesso. E na nossa cabeça passa tudo e
mais alguma coisa a alta velocidade. E surgem novos comportamentos, novos
sentimentos. Ficamos baralhados sem saber muito bem o que fazer. Mas temos que
aprender que é assim. Nós queríamos laranja, para poder fazer um bolo bem
grande e com um aspecto delicioso! Daqueles que basta olhar para ficarmos com
uma sensação tão boa! Ao invés, a vida deu-nos limões… Limões?! Que raio! Eu
queria uma coisa bem doce, não limões… A única coisa a fazer é ir comprar
quilos de açúcar para a limonada ficar bem docinha. Sim, açúcar é que é preciso
agora.
estória $112
Os gestos pesam muito. Têm grande importância. Definem uma pessoa e mostram
os seus sentimentos. Por gestos demonstra-se por vezes o que não se consegue
transmitir por palavras. E no fundo, o que fica na memória são os gestos que as
pessoas têm para connosco. É o que fica daquela pessoa. Porque ao lembrarmos
isso, lembramos o modo como nos sentimos com ela, o que nos fez sentir numa
dada altura, num dado momento. Contudo, as palavras também têm a sua cota parte
nisto tudo. Dizem que ‘palavras, leva-as o vento’. Bem, a longo prazo isto até
pode ser verdade. A pessoa esquece, as memórias não são tão claras do que
ouvimos dos outros, podemos relembrar a ideia geral, mas o que fica gravado são
o que fizeram. Agora a curto prazo.. As palavras têm um impacto imediato. Dizem
algo e aquilo entra em nós. E fica lá a ressoar por uns momentos. E acreditamos
naquilo que nos disseram. Que pode ser verdade ou não. E nesta parte, os gestos
ajudam a confirmar isso. Os gestos podem ou não ir de encontra às palavras.
Mas, tal como as palavras têm impacto, a falta delas também. Uma pessoa pode
ser só gestos. Gestos para tudo e mais alguma coisa. E isso é bom. É o que vai
ficar, certo? Mas por vezes uma pessoa precisa de ouvir de outra aquilo que ela
nos faz sentir. Um modo de consolidar as coisas. De um certo modo, pôr as
coisas em pratos limpos. Precisamos das palavras para ter a certeza do que
sentimos. Precisamos das palavras para acreditar que é mesmo aquilo. Porque o
que sentimos nem sempre é assim tão claro. Precisamos das palavras para tornar
mais real o que os gestos tentam transmitir.
estória §111
As coisas nem sempre são como queremos. Os dias nem sempre correm
bem. E problemas aparecem. Confusões surgem. Mal entendidos se instalam. E
depois uma coisa leva a outra. E tudo fica cada vez mais confuso. Ficamos mais
predispostos a ver o lado negativo das coisas. A pôr em causa tudo o que
tomávamos como certo. E a nossa cabeça é um turbilhão de ideias baralhadas,
desorganizadas, algumas delas disparatadas e sem lógica nenhuma. Mas que num
momento assim, turvam-nos a visão e ganham lógica por elas próprias. E não
somos nós, não somos o que realmente sentimos, não somos o que realmente
queremos ser. Mas o tempo ajuda. Ajuda a que a tempestade passe e o mar volte a
ser sereno, que bate ao de leve na areia. Dias melhores virão. Afinal davam
melhorias para a próxima semana. E a Primavera está à porta. Por isso, dias
melhores virão de certeza.
estória §110
E estar ali,
fora da cidade, mesmo que num ambiente cheio de pessoas. Naquele momento tudo
estava sereno, quieto. Apenas alguns passos se ouviam por vezes no corredor. Se
olhasse pela grande janela via um jardim e árvores. Um espaço enorme sob um céu
azul. Ela está a chegar. E por momentos consegui ouvir aqueles bichinhos
pequenos como que a falarem. Se olhasse pela grande janela via um jardim e
árvores. E nas árvores saberia que estavam pássaros, apenas pelos sons que
faziam. Foi neste exacto momento que me lembrei dela. Sim, ela está mesmo a chegar.
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