Era tão agradável ouvi-la falar dele. A sua voz calma e melodiosa,
onde em cada palavra se sentia ternura. E era ainda mais uma doçura ver como o
corpo dela falava sobre ele, como os seus olhos brilhavam, como o sorriso se
desenhava na sua cara. Tudo queria transmitir o mesmo. Amor. E eu pensei, ‘um
dia também quero falar assim de alguém’. Ela estava na outra mesa a falar sobre
ele sem ele lá estar. Contava como ele lhe tinha roubado um beijo um dia e como
ela fizera cara de zangada e lhe dissera que o achará atrevido. Mas no fundo,
ela confessara agora que tinha gostado. Contou depois como ele era gentil e um
verdadeiro cavalheiro, que lhe abria sempre a porta para ela passar, que falava
de forma doce com ela, que a punha sempre em primeiro lugar e se lembrava
sempre dela. Disse também que ele era muito divertido, que a punha bem-disposta
e sabia ter uma boa conversa com ela e com qualquer outra pessoa. E eu pensei, ‘eu
quero isto, eu quero alguém assim’. Ele voltou depois de ter ido comprar os
seus jornais e deu-lhe para a mão um pacotinho. Ela abriu e sorriu, eram
castanhas assadas quentinhas. Ela voltou e disse, ‘era isto que eu falava,
estão a ver?’.
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