Hoje apercebi-me que não sabia o que fazer
contigo. Não sabia onde te pôr agora que não te trago comigo. Já te tinha
deixado ficar, é certo. Já o tinha feito desde aquele dia (que para ser
sincera, já não me lembro bem quando foi, só vendo, mas ainda bem que não o sei
com precisão). Mas tinha-te apenas deixado para trás. Não estavas em lado
nenhum. Não é que te vá pôr um lugar especial. Não o mereces. Mas também não te
quero deixar assim no vazio. O vazio é algo demasiado grande para ti. E hoje
descobri o sítio onde te devia pôr. Pois foi. Eu tirei-te daquela caixa coberta
de pó que estava cheia de coisas antigas. Tu és antigo para mim. E estavas lá
juntamente com todas as outras coisas da minha infância. Agora… Agora vou-te
colocar numa gaveta onde já existem coisas antigas que não me fazem falta. Mas
as quais vou guardar. Numa gaveta daquela estante que são só gavetas. Vais
ficar lá. Porque lá, nessa gaveta que estou a falar, estão as coisas que de
algum certo modo foram importantes para mim num dado momento. Sim. Podes não o
ser agora. Mas tiveste alguma importância para mim. E assim guardo-te com um
certo carinho que uma pessoa tem pelas coisas antigas. Aqueles objectos que nos
fazem recordar de certos momentos. E que [anos mais tarde] nos deixam com um
leve sorriso no rosto. Ainda não o sei. Mas tu vais-me deixar com esse sorriso.
Um dia. Vais ser uma recordação, um momento feliz do meu passado. E por isso
vou-te guardar naquela gaveta. Juntamente com as outras coisas. Tem lá espaço
mais que suficiente para ti. Agora já não tinha qualquer sentido eu ter uma
gaveta só para ti. Não podias ter assim tanto da minha atenção e do meu tempo.
Não o mereces. Assim ficas na gaveta das coisas antigas. Das quais só nos
lembramos que estão lá quando a abrimos. E ficamos parvos por ter lá aquilo. E
depois… Depois vem o leve sorriso no rosto.
estória §66
Nobody chooses to be a freak. Most people don't realize they're a freak until it's way to late to
change it. No matter how much of a freak you end up being, chances are there's
still someone out there for you. Unless of course, they've already moved on.
Because when it comes to love, even freaks can't wait forever.
*Grey's
Anatomy
É
verdade. Ninguém escolher ser aquilo que é, independentemente do que seja.
Magro. Gordo. Feio. Bonito. Alto. Baixo. Que gosta de tudo e mais alguma coisa.
Que nada lhe agrada à vista. Selectivo. Esquisito. Que tudo o que vem à rede é
peixe. Teimoso. Chato. Simpático. Resmungão. Gabarola. Tímido. Esquecido.
Brincalhão. Aluado. Rezingão. Distraído. Bem, não interessa o que alguém é.
Porque ninguém o escolhe ser. Toda a gente tem a sua "esquisitice",
no fim de contas. Só há em aceitar o que somos. E que aqueles que estão
connosco também o aceitem e compreendem. E esteja lá para nos apoiar. Isso é
que é importante. É isso que pode fazer a diferença na nossa vida. Por vezes
não nos apercebemos da nossa "esquisitice" até alguém reparar nela ou
por nós próprios nos depararmos com alguma dificuldade e sermos obrigados a
mudar a tal "esquisitice". Pois é. Não temos culpa de sermos assim.
Mas por vezes podemo-nos ver obrigados a mudar. E às vezes isso pode ocorrer
tarde de mais. Ou melhor, por mais que tentemos mudar, às vezes, pode já não
adiantar de nada, pois iremos continuar sempre assim. E aí, é vivermos com a
nossa "esquisitice" da melhor forma possível. E mais uma vez, que
aqueles que estão connosco aceitem, compreendam e nos apoiem. Que estejam lá
para nós e que nós também estejamos lá para as suas "esquisitices".
Afinal é o que todos queremos. Ter alguém para as nossas
"esquisitices".
estória §65
10 do 10 de dois mil e 10. Engraçado. Estas coisas são engraçadas.
Como as horas quando casam. Como os anos quando casam. Gosto. Acho piada. Não
me perguntem porquê. Porque não sei. Mas acho piada. Há coisas assim, não há?
Que nos deixam assim com um sorriso a querer espreitar. Só que depois pensasse:
quão tonto é isto - Gostar destas coisas! É mesmo algo tonto. E ainda há mais.
Há quem acredite que estas "coisas tontas" possam trazer algum tipo
de sorte e energia positiva. Verdade? Não sei. Foi um bom dia, por acaso. Mas
se estas coisas trazem sempre sorte, acho que nunca se saberá. Apenas gosto
destas.. coincidências (?) ou lá o que quiserem chamar. E a vida também é feita
destas pequenas coisas tontas. E depois também podemos associar algumas
coincidências destas a pessoas que nos são queridas. E é tão bom. Graças a uma
dessas pessoas hoje reparei que era dia 10 do mês 10 do ano dois mil e 10. Cute*
estória §64
Sábio ou embriagado? 8 ou 80? Na vida há sempre extremos. E há
sempre alguém que vive nesses extremos. É bom? É mau? Sim. Não. Depende da
pessoa. Há pessoas para tudo. Por isso há quem viva sábio e também quem passe a
vida embriagado. Aqui estão dois estilos bem diferentes de viver. Sábio aquele
que vive em linha recta. Aquele ser humano que não se deixa influenciar com
nada, que mantém uma certa distância dos acontecimentos, sejam eles bons ou
maus. Sim, podemos chamá-lo de pessoa “fria”. Que parece que não fica feliz com
nada, mas também não se vai abaixo quando algo de menos bom ocorre. Nada o
aquece nem arrefece. É “insensível”? Sim, se calhar é como as outras pessoas o
vêem. Pois bem, no pólo oposto está aquele sujeito que anda sempre embriagado.
Entenda-se por embriagado não a pessoa que anda sempre bêbedo de vinho, mas
aquela outra pessoa muito emocional, tal como uma pessoa bêbeda, as emoções estão
sempre bastante presentes, sejam elas boas ou más. Acontece algo de positivo e
lá está essa pessoa a pular de alegria, acontece algo de menos bom e essa
pessoa está de rastos como se fosse o fim do mundo. É a dita pessoa que chora
por tudo e por nada ao mesmo tempo que sorri sem mais nem menos. Tudo é vivido
com demasiada emoção. Ambos estes tipos de pessoas são sem dúvida muito
extremistas. E uma vida destas não é algo que seja muito convidativo. Então…
Viver como? Seguindo um ditado: “No meio é que está a virtude”. Acho que é bom
termos um bocadinho de cada um destes extremos. Por vezes, era bom manter a
distância de certas coisas que nos acontecem. Sermos frios e não nos
importarmos com isso. Seguirmos o caminho sem alterar a velocidade dos nossos
passos. Ficarmos seremos independentemente do tão mau que seja o acontecimento.
Sermos fortes o suficiente para manter as emoções fora do barulho. Sermos o
mais racional possível. Mas nem sempre (ou melhor, raramente) conseguimos ser
assim tão frios. E as emoções vêm sem darmos conta delas. Apoderam-se de nós e
do nosso pensamento. Ficamos totalmente sem pensar. São emoções por todos os
lados. Há situações assim, numas pessoas mais, noutras menos, mas este
turbilhão de emoções existe. O que dava mais jeito nestes casos era
conseguir-se controlar um pouco isto. Rodar o botão do “volume” da quantidade
das emoções, de modo a diminuir as emoções que temos, para que não fossem tão
fortes. Isso seria o ideal. Mas não. Ninguém disse que a vida seria perfeita. E
ela não é mesmo. Há que sabermos tirar o maior partido de tudo. Aproveitar
tudo. De bom e de menos bom. Com tempo, uma pessoa pode aprender a vivenciar
melhor certas situações. Vamo-nos conhecendo melhor a nós próprios, às nossas
emoções e aos nossos pensamentos. Não devemos sempre afastarmo-nos dos
acontecimentos e das pessoas. Temos que nos envolver, para vivermos. Mas temos
que saber gerir o que se passa cá dentro para não sermos demasiadamente
emotivos. Tem que haver um equilíbrio. Como em tudo na vida.
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