Na vida, o mais
importante são somente os momentos, no verdadeiro sentido da palavra. Tudo
"o depois" não interessa (não devo atribuir significado). Cada vez
acredito mais nisso. E, se por um lado, acho que é mau, por outro, acho que nem
é assim tão mau. Porque se deve aproveitar os momentos e dar-lhes significado.
Um momento é um breve período de tempo, um instante, um tempo ou ocasião em que
alguma coisa se faz ou acontece. É no momento que temos e devemos estar. Dure
ele segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses ou anos. Porque um momento
pode durar muito tempo. O tempo que acharmos que esse momento tem, precisa. O
tempo que lhe quisermos dar. E nesse espaço de tempo temos que estar lá a 100%.
Cabeça, tronco e membros. Coração e alma. Tudo de nós ali. Naquele tempo. Só
isso importa. Porque depois disso acontece alguma coisa que interrompe esse
momento e deixamos de o ter, acaba. Por isso, a nossa vida não é só um momento,
mas vários, muitos. E, digo mais uma vez, é isso que temos que guardar, que
temos que dar significado. O depois não interessa. As interrupções entre esses
momentos não são importantes. Se fosse faziam parte do momento. Cada vez
acredito mais nisto. E cada vez tenho mais provas disto. Cada vez tenho mais
momentos na minha vida. Momentos cada vez mais pequenos. E cada vez mais
intervalos. Cada vez intervalos "mais maiores". E isto faz-me
acreditar cada vez mais nisto de só os momentos valerem e terem importância,
significado. Porque tudo o que faz acabar o momento, tudo o que é intervalo só
me faz sofrer, chorar. Dói. Dói mesmo. Vou mesmo lá ao fundo. Bato lá no fundo
e torna a doer. Assim, agarro-me a momentos passados. Instantes felizes. Tempos
bons que funcionam como âncora e bóia. Que me mantêm à superfície enquanto
penso neles. Enquanto acredito neles, à espera que o intervalo acabe e volte um
momento novo. Algo a que atribue significado. Algo que signifique algo para
mim. Algo que me encha. Momentos. A vida de qualquer um de nós é isso. Uma
colecção de momentos. No fim, uma curta-metragem de momentos, onde se cortam
todos os intervalos. Fica o essêncial. Aquilo que tem significado para nós.
Aquilo que nos constitui.
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