Quero falar contigo. Quero falar mais contigo. Ou melhor, quero que
tu fales mais comigo. E depois quero estar contigo. Quero que me convides para
algo. Um café. Um passeio. Um cinema. Algo. Tanto faz. Desde que vá estar contigo.
É capaz de tudo isto ser um erro. Não existem segundas oportunidades. Existem?
Gostava que me provassem isso. Que me provasses isso. Mas provavelmente isto é
tudo um erro. É. Não se devia de remexer em coisas do passado. Se já foram
deixadas pelo caminho, é suposto não fazerem parte do nosso presente. Mas
fui-te buscar sem dar conta. Só para ver como estavas. E depois fui deixando
ficar-te. E agora ou deixo-te novamente pelo caminho ou continuo a deixar-te
ficar. Mas isto de te deixar ficar, faz-me andar ansiosa. Sempre à espera que
algo [que não vai acontecer] aconteça. E espero. E volto a esperar. E nada. E
sempre que falamos nada mais é do que isso mesmo. Falar. Conversas curtas.
Muitas delas nem um fim decente têm. Ficam pelo caminho simplesmente. Será isso
algum sinal? Não sei. Ou não quero saber. Independentemente disso fico feliz.
Se bem que depois ansiosa e frustrada. Outras vezes, acabo mesmo zangada e
chateada. Sem que tu saibas disso. Mas feliz. Feliz de cada vez que respondes.
E quero mais. Com o passar do tempo, vou querendo cada vez mais. Apesar de não
ter, de não conseguir isso. E depois só me passa uma coisa pela cabeça:
dizer-te isso mesmo. Dizer-te que [te] quero mais. Dizer e ficar à espera para
ver o que dizes. Se falas. Ou se foges. Não fujas.
E isto é o que tu me dizes. Sem teres coragem de o dizeres a quem
queres de verdade.