É como um pedaço de plasticina. Se deixado ao ar muito tempo sem se
moldar, acaba por secar. Quando voltamos a olhar para esse pedaço de
plasticina, está feio, rijo e com fissuras. E pensamos em voltar a moldá-lo.
Mas é então que nos deparamos com um grande problema. Assim que tocamos nesse
pedaço e o envolvemos com as mãos, este começa-se a partir aos bocadinhos.
Abrimos as mãos e qual é o nosso espanto quando reparamos que está tudo
esfarelado. Olhamos um pouco desiludidos e pensamos que não vai haver muito mais
a fazer para aquilo poder voltar ao original. O melhor é deitar fora. Por
momentos pensamos isto. Mas há algo, que não sabemos bem o quê, que nos retém
um pouco. Acabamos por pegar bocadinho a bocadinho e juntar. São bocadinhos tão
pequeninos. Ninguém dá nada por eles. Mas ao juntar uns com os outros, a coisa
vai tomando forma. Todos esses bocadinhos vão ficando mais macios, mais
maleáveis e recomeçamos a ter esperança que aquilo afinal volte ao normal. É
uma luz ao fundo do túnel. Mesmo que pequenina, ganhamos força para continuar a
juntar todos os bocadinhos. Afinal, há algo que se pode fazer e nada está
perdido. Aquele pedaço de plasticina deixado com o tempo vai voltar à sua
consistência habitual. E ficamos felizes porque conseguimos isso de volta. Agora
sabemos que temos que o continuar a moldar todos os dias. Se não este acaba por
voltar a secar e aí, bem, teremos que recomeçar, mais uma vez.
Afinal, todos aqueles bocadinhos
insignificantes, que pensávamos não dar em nada... Afinal, se tivermos paciência,
coragem e vontade, conseguimos fazer com que se (re)transforme em algo.
É assim com a amizade. É assim com o amor. [Penso eu].