E vi-te. Era como se fosse um daqueles dias, em que se está em casa,
sem fazer nada, sem pensar em nada. E pensasse em ir à janela, ver como corre o
mundo lá fora. Desarredasse a cortina um pouco e espreita-se para a rua. E
vê-se as pessoas a andarem, a falarem, a fazerem a sua vida. E de repente, no
meio de tantas pessoas, os nossos olhares cruzam-se. Eras tu. Olhámos um para o
outro, mas tu desviaste a cabeça e continuaste o teu caminho. Eu fiquei ali com
o coração apertado, sem saber muito bem como reagir. Foi como se
te tivesse a ver de uma janela. Tão perto de ti como não estava à tanto tempo e
distante ao mesmo tempo. Mas também depois afastei-me, pus a cortina da janela
bem e vim para dentro. Lembrei-me que tinha coisas mais importantes para fazer
que estar contigo no pensamento.